Queridos amigos do Dhamma,

O verão está aqui presente e traz dias quentes e, muitas vezes, secos. Esta semana fui agraciada pela visita de um grande amigo, que me ajudou a cuidar do jardim. Tive a oportunidade de praticar a escuta acolhedora e a gratidão. Tivemos várias semanas de ventos fortes em que as cadeiras da varanda voaram como papeis ao vento e me fizeram refletir sobre a relatividade de cada existência e a co-criação da vida.
O que para meus músculos humanos pareceram “tão pesado”, para o vento pareceu que nem era percebido. Com o contato e a tensão muscular ao tentar levantar a cadeira, surgiram questionamentos, dúvidas, julgamentos, determinação, generosidade comigo própria e energia na mente, que me proporcionaram investigar a multiplicidade e a riqueza de um simples momento de contato entre objeto e órgãos sensoriais.
Quando entrei em casa, comecei a compartilhar com o amigo o que havia ocorrido. E como nada está fora da prática, pude ver padrões antigos surgirem ao narrar o fato. Uma leve intenção, linguagem corporal, uma mudança na respiração entre palavras, quase que uma vontade de fazer o fato parecer maior. Quando este fenômeno pode ser percebido pela atenção plena do pausar-acolher no abrir, vi os frutos da prática do Dhama vindo ao meu socorro, que me ofereciam uma oportunidade de escolha: …poder soltar, deixar ir, parar de tecer… me proporcionou observar o ‘ser-cendo’ (como em tecer) ao redor do fenômeno perceptivo. E o sabor de liberdade sempre disponível ao deixar ir e voltar ao coração não dividido do sintonizar com o emergir.
Gostaria de repetir, aqui, as palavras que o Gregory nos ofereceu no inverno. Ele falou que o caminho oferecido pelo Buda inclui a vida como um todo. Nada é deixado de fora. Gregory nos lembrou que cada momento é parte de um caminho pessoal, porque cada momento condiciona o próximo. Não existem momentos, não existem eventos que não afetem o corpo-mente.
“Cada pensamento e ação, aqui e agora, combina com tudo o que fizemos e falamos, para determinar a direção e o teor de nossas vidas. Depende de como respondemos a este mundo para que haja sofrimento ou paz; haja crueldade ou benevolência. Como nós navegamos estas possibilidades é o nosso caminho. Não há momento em que não estejamos neste caminho, inclusive este momento, agora mesmo enquanto você lê estas palavras. Se, conscientemente, manejamos nossas vidas, o caminho é consciente. Se ignorarmos esse poder de aprender, nosso caminho é inconsciente e sem escolha. Ainda, porém, é um caminho. Então, faríamos tão bem em deixar nossos movimentos através desta vida e sermos guiados pela sabedoria.”
“Há uma clara necessidade de um caminho intencional que forneça orientação para uma vida harmoniosa e libertadora. Tal caminho deve reconhecer que os humanos são tão inerentemente relacionais quanto são individuais. Deve ser relevante para uma pessoa que vive na sociedade contemporânea, repleta de sistemas e tecnologias implícitas, com suas contingências econômicas e sociais e toda a fragilidade e a beleza de sua complexidade. O caminho deve ser aplicável e deve funcionar. O caminho deve fazer sentido, ao permitir plenamente o mistério do desabrochar da consciência e dos nossos corações humanos unidos”.
Quais são as fontes e as qualidades de todo esse caminho de vida?
1. O Dhamma é a base;
2. Todos os ensinamentos são práticas;
3. Nada é deixado de fora;
4. Todos os ensinamentos podem ser experimentados aqui e agora;
5. Devemos permitir que os ensinamentos centrais nos toquem, colidam com nossa zona de conforto, perturbem e nos inspirem a novas maneiras de ser.”

Cursos onlines
Em novembro, terminamos dois grupos do curso online sobre as Quatro Nobres Verdades e o Insight Dialogue. Fiquei muito inspirada a oferecê-lo com mais frequência depois de ouvir o quanto afetou a prática individual e relacional dos participantes .

One thought on “JORNAL DO DHAMMA VIVO Verão – 2018

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